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    Tornei ao lugar de partida desenhado de ausência Rebelião desgosto violência e traição Voltei aos solos húmidos e movediços Repletos de anémonas desmaiadas Troncos nus cicatrizados pelas águas dos rios Em enchentes alucinantes incontroláveis   Retorno ao passado qual viagem galáctica Perante o tempo e espaço que ensaiam velhas alianças Novas técnicas de truques mágicos Em pleno circo apático de exorcismos Malabarismos políticos Pinturas esquemáticas e provisórias de altas finanças   O meu corpo regressou à sinfonia do mar Como caranguejo fugidio que quer sobreviver Em meu redor nada humano existe a não ser o silenciar sem fim Apenas a espuma branca anunciando a pigmentação do bramido A continuação da loucura do extermínio descolorido E neste caos entre a vida e a morte desnutrido Retornei a mim!

Corvos

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    Manchas negras agitam-se no areal tempestuoso Saltitam por entre o lixo que delineia o areal Em ondas improvisadas debaixo de um sol débil e cinzento Cinco corvos farejam desperdícios animais por entre as canas partidas Empurradas pela corrente do Tejo desaguando a mar aberto Cinco pontos pretos ligados entre si pela vontade de sobreviver à tempestade Vêm anunciar a regeneração pois que trajados de mau presságio Escondem nas asas a sapiência e a conexão subtil entre a óbito e o alento   Um rato inanimado rodeado de pequenos troncos é manjar dos voadores Objetos humanos de plástico fruto da selvajaria capitalista Provocadora de desgastes físicos e emocionais Poluem o meu olhar suspendendo nas nuvens o vazio interior Num jogo macabro de perdas roubos e desgastes Um mordisco na praia para cinco corvos Mas não lhe tocam e seguem até ao final do extenso areal Debicando aqui e ali levantando voo finalmente em direção à serra   O pentagrama anunciad

As cores do silêncio

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Foto: Ana Maria Oliveira   A escrita tropeçou nos jogos de vaidades alheias Esmoreceu na carência de primaveras floridas E esfumou-se nos enfeites improvisados à pressa Nas cabeças anémicas e desesperadas De estrangulados em espaços lamacentos Que em agonia e aflição do submundo se desprendem   As tonalidades do silêncio esbatem-se Nas entranhas embalsamadas pelas correntes lávicas Dos subterrâneos encardidos pelas sombras artificiais Da luz gélida que anseia o paraíso em troca de infernos reais   Agora os drones perjuram os humanos no folclore das queimadas E na gastronomia improvisada dos verdugos As ogivas nucleares aguardam o gesto tétrico do extermínio Gerado pelos circuitos danificados dos cérebros apodrecidos Dos poderosos defensores da morte que dão vivas ao seu macabro hino   Foto: Ana Maria Oliveira