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A mostrar mensagens de janeiro 8, 2023

A época dos rebanhos

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    Os corações famintos estagnam na carência de afeto Multidões de negligenciados furam esquemas de sobrevivência Açambarcados pelo sentimento de desconexão Num mundo apavorado pelos enforcados Galvanizado pela riqueza dos desenvergonhados Perante a fracturação entre néscios verdugos e degolados   Os desprevenidos e pacóvios Rebolam-se nas danças das informações falsas Sacode-se o tapete da pobreza real Sobre o horror do desemprego e apartamento Solta-se no ar contaminado a suspeita E num tango trôpego entra-se em isolamento social   A escola progride na arte do espetáculo político Feito de enganos e discursos falaciosos Que matreiros vão saciando a fome de pertença dos trôpegos Apaziguando o povo infundindo a busca do propósito Mesmo incitando o risco da exclusão dos outros E o perigo do rebanho tresmalhado Sucede-se pela astúcia da matilha Que não quer saber da sustentação do amanhã Mas que esgaravata e desespera pelo osso carcomido

Os canais a descoberto do totalitarismo

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  Foto: Ana Maria Oliveira Germina a céu aberto a congeminação solitária Perante a prova da desesperança hasteada na insulação Perpetrada pela falta de encadeamentos excitantes Onde se escondem a segregação A impotência e eliminação   O meu cansaço é injetado pelo processo vital De luta contra planos de acomodamento ao mal Energia corrupta que se instala no medo Na ignorância abafada do servilismo Fecundante de catástrofes genocidas E as forças tresloucadas do terrorismo   Navegamos num mar invisível sem abrigo Sem amabilidade nem aconchegos Apenas a frieza de quem mal governa e orienta Sobrevivendo-se deste modo onde não há equidade E os que desorientados nesta masmorra Não têm voz perante a surdez cínica Fazem parte do vulcão em erupção Em que se tornou a injustiça social Sem teto e sem tostão  

Interstícios do oculto

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  Foto: Ana Maria Oliveira Tenho os gatos por companhia E a tala de gesso que contraria a dor da queda Como se fosse a comunicação da fuga para o paraíso Já que o inferno permanece nas sinapses das arritmias Anunciadoras do salto para dentro do oculto Em que o oxigénio escasseia e o lar se divide Não fazendo parte da mesma colmeia E as sequelas alargam o pesar de um tempo oprimido e mudo   O peso e a força da tradição Gravado na genética das reações Gesticuladas na multidão sem poiso e sem ação Vence um virar gélido de costas E uma recusa impotente em dar a mão   Sem piso para andar sinto-me suspensa na forca Como se o colete de forças me envolvesse Sem hipótese de me libertar Pois que as intempéries troçam do meu tormento Sem paredes onde me refugiar E o voo das aves zomba com o meu sofrimento   O individualismo cria espinhos em nome da autonomia Perante as enchentes e o transbordo dos rios Estendem tapetes de lama nos caminhos alagados