Mensagens

A mostrar mensagens de junho 11, 2023

A escassez do tempo

Imagem
  Foto: Ana Maria Oliveira   Fustigo a alma e o corpo em exaltação Aguardando a rajada dos dias na degustação do sal E quando a memória se extinguir e o precipício me devorar Que permaneçam abertos os canais em topografia incerta Para que a existência se concretize como plataforma Por onde se possa navegar mesmo na iminência de ruína Quem sabe a voz se transformará em semente a flutuar Na brisa fresca da manhã na antevisão da morte Germinação incontrolável abrindo as folhas ao sol que desperta   Talvez o significado da raiva e inveja tenha sido excluído Se ignore em esquecimento o travo a sangue das pelejas Que o sentir da inquietação não transvasa para os homicídios Que se não tenha medo da solidão no rasgar do momento Pois é com ela que se cantam os hinos de júbilo Ainda que pela invasão sem convite do estrangulamento   Respirar com a sensação de queda a abraçar os movimentos De jornada desprendida que ao interior da terra conduz O salto do par

O lugar do vazio

Imagem
  Foto: Ana Maria Oliveira Um despenhadeiro negro qual vácuo devora as volições A cobiça vem solícita e amável ferrar nas costas a espada A crueldade veste-se de revolta silenciosa Evitando que as lágrimas caiam na ambiência molhada   A barulhenta chacota zumbe no virar do folclore O sorriso esconde a antipatia da criatura desencaminhada Sem coragem para mudar de trilho e desolada   Vai! Vira de direção Cria fogo de artifício no coração Assim uma sinfonia etérea feita de pétalas de flores Criará grinaldas que enfeitarão a cabeça desanimada   Vai! Não aprisiones os teus pés onde não te querem Veste o melhor trajar e passeia o que no teu fel mora Junto com fadas encantadas que adocem a boca Pois a amargura espalha-se e destrói sem pudor inocentes As palavras são espinhos enfeitados de memórias Imagens quebradiças da miséria plural minando resilientes Com os conceitos a esfumarem-se algures entre o dentro e o fora   Não te sigo nem te ouço

Inundação

Imagem
Foto: Ana Maria Oliveira     A enchente germina no interior dos ossos quebradiços E dá o salto quântico para geografias de conflito Perante corações exaustos pelo estampido de partículas em fúria   O desgaste das articulações coincide Com a decadência das elites bélicas Contagiando as gargantas exasperadas Criando obstáculos de fungos descrentes Contra um peito que se dá em indignação ao choque À zanga de bloqueio sem freio Ao rancor pegajoso vaporizando poluentes   A engenharia tracejou a devastação Os mucos acumulam-se na entrada dos resvaladouros Produtores de bactérias interditas À escuridão agressiva dos leprosos E o polvo vergável entre cabriolas retrai o grito No centro do murmúrio vulcânico desentupindo as vias lávicas Em deslizamentos pesados no desfasamento dos muros Sobre os membros doridos da escravização Há prestes a saltar um tampão sobre as cabeças Dos paupérrimos amedrontados em exasperação   Aliando-se à sabotagem do reserv