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A mostrar mensagens de janeiro 15, 2023

Estou por minha conta

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    Ergo-me em luta para lá do altar profanado Invento danças no meio da floresta Sou então o próprio bailado em transe Alço a tocha defendendo o fogo Então meu corpo é lava desenfreada Que dá o grito da vida em incandescente brasa   Mesmo num parto imperfeito de agonia Que se prolonga no rasto magnético do mar em fúria Vomito as entranhas para enfrentar o duro gelo No corte invasor do bisturi acelerado da cirurgia que perdura     Os genes são fluidos que se adaptam às marés Na construção de casulos onde renasço com asas Noutros ninhos suspensos na metamorfose dos matagais É lá que mora o espírito ondulante do bem-querer Mas o meu corpo quebradiço em final de escalada Só perspetiva a sonoridade tentacular Da monstruosidade à solta que tudo modela a frio Num planeta que quer urgentemente mudar   Germina a água revoltada nos chãos das casas Faço da insulação a força que controla a dor A poesia que concebo retorna à origem Acompanha a

Cortes na pele

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  Enquanto o frio se entranha nos ossos A mão engessada aguarda a libertação do afogo E as paredes criam rios de gotículas como lágrimas que desmaiam Aceitando impassíveis o martelo deixando-se esburacar Pelo parceiro implacável do tempo Que pela força contorce os canos de alimentação E o que foi no passado um ninho de luzência Passa a ruínas que se perpetuam na eternidade Numa espera paciente de retorno ao aconchego e amenidade   Só o pastor-alemão me olha em interrogação Senta-se a meu lado fixando-me em pacata interrogação E a sua companhia não impede uma corrente de ar Apressando a pintura na tela que me trava as mãos em dor E no contratempo de desânimo Os rabiscos saem grotescos semelhantes à minha alma Que em solitude já não canta melodias de amor   Foram tantos os cortes na pele Foram tantas as amarguras que se colaram aos meus órgãos Que o suposto sinistro se tornou alívio Premeia-me com uma cronologia de percurso pela serra Abre-

Sociedade gelada

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  Saltarilhamos de plataforma em plataforma E neste passo de dança cada um cuida de si Espezinhando os outros de forma vil Mesmo quando apenas rola na mesa da inquisição A fruta apodrecida da indiferença pueril   As mercancias progridem no rastilho fugaz das paixões   Dos descarnados fios condutores das redes sociais E surgem animados no campo virtual Os pantomineiros mascarados do gestual   Os coléricos com a vida Abandonados impotentes à sua sorte Ocorre-lhes o suicídio fazendo pacto com a morte Os clãs abundam em cada canto do ecrã Apresentam-se simpáticos amáveis Como quem atrai as moscas com mel Baloiçam os constrangedores empurrando os alienáveis   Transportam as tribos a bandeira diabólica Neutra e cinzenta de quem mata ou morre E na subtileza do deboche apregoam - Venham meus senhores! Não se acanhem Em boa hora vos sai a sorte grande Pois os opositores dormem e relaxam Sejam cobiçosos neste estrado quebrado e arrisquem