Corvos

 





 

Manchas negras agitam-se no areal tempestuoso

Saltitam por entre o lixo que delineia o areal

Em ondas improvisadas debaixo de um sol débil e cinzento

Cinco corvos farejam desperdícios animais por entre as canas partidas

Empurradas pela corrente do Tejo desaguando a mar aberto

Cinco pontos pretos ligados entre si pela vontade de sobreviver à tempestade

Vêm anunciar a regeneração pois que trajados de mau presságio

Escondem nas asas a sapiência e a conexão subtil entre a óbito e o alento

 

Um rato inanimado rodeado de pequenos troncos é manjar dos voadores

Objetos humanos de plástico fruto da selvajaria capitalista

Provocadora de desgastes físicos e emocionais

Poluem o meu olhar suspendendo nas nuvens o vazio interior

Num jogo macabro de perdas roubos e desgastes

Um mordisco na praia para cinco corvos

Mas não lhe tocam e seguem até ao final do extenso areal

Debicando aqui e ali levantando voo finalmente em direção à serra

 

O pentagrama anunciado ficou bordado nas ondas inconstantes

E no movimento mágico dos sentidos

A sabedoria preveniu a bondade

Que a justiça tem várias faces a verdade não é absoluta

E o amor vibra diferentemente conforme a melodia

 

Ainda permaneço e pertenço ao desabrochar da humanidade

Em que cada elemento em delírio patológico afia as garras

Tremendo de medo que invadam espaços e palacetes dourados

Ou no extremo oposto que morram à míngua na sociedade esclavagista

 

Há mais pureza nos necrófagos que limpam os corpos desfeitos

Impedindo a proliferação das doenças

Do que nos seres humanos que se alimentam uns dos outros

Sugando a energia em competições e campeonatos

Armadilhados por psicopatas camuflados

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