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A mostrar mensagens de novembro 12, 2023

O chão alagado das memórias

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  Foto: Ana Maria Oliveira   A chuva mergulha no chão alagado das memórias Persistentes na concretização de janelas virtuais E o arrumo provisório dos pátios transformado em bálsamo Cria salpicos de forja diretos ao coração Desarmado perante o vazio construído no tálamo   Na anulação asfixiante e vertiginosa dos sentidos Agarro os terramotos que me conduzem aos latidos dos cães Às galerias subterrâneas das minhocas À sucata desorganizada dos quintais Improvisados nos cornos gelados da necessidade Às artroses ocultas no delírio dos sonhos inalcançáveis Às unhas quebradiças do desleixo Abraço apenas o indiferente eremita desligado da sociedade Infetada pelo ódio e separação em adiamento do beijo   Restam os alfinetes que sustêm os cortinados carunchosos Adiando as limpezas bordadas de entusiasmo O pânico abafa-se na sobreposição das pinturas Desregradas pela revolta persistente sem alegria Do ser vivo aguardando a passagem ao pó em agonia   N

A nudez do desalento

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  Foto: Ana Maria Oliveira A autoilusão extravasa no prato vazio do amor A vitalidade deambula pela noite cega Regressa ao refúgio o bando de rolas Sobrevoa com avidez o galinheiro improvisado Decompondo fictícias e sobrepostas posturas   Os girassóis deixam-se comer pelos vermes Que trocam a volta ao tempo e sobem até às folhas Esburacadas lentamente pela fome Acasalam vegetal e animal na face inexpressiva da paralisia Perante a automatização dos gestos de indiferença das pessoas   Os catos persistem em não dar flor No encadeamento da tempestade Devoradora dos órgãos de sobrevivência Deixando os oxímetros avariados Perante arritmias desfeitas em abstinência