Sem frutos
Foto: Ana Maria Oliveira Hoje ficarei por aqui onde os pilares foram improvisados Com a vontade em erguer um lar de sonhos Quando adivinhava a catástrofe Mas sem saber o nome da impotência Nem a cor da solidão A serenidade faz-me companhia Pois despejei para longe as fragilidades pinceladas de negro As mãos apenas salpicarão a ouro e azul os projetos rasgados Os estudos ambicionados e não concretizados Trago ainda tatuada na testa a definição de dadora de humanidade Ajudanta de campo a tempo inteiro Jardineira desesperada sem frutos Empregada das limpezas num mar egoísta de imensidão cega Facilitadora da vida alheia em esquecimento da própria Dar! É o nome do tapete debaixo dos meus pés que me orienta Mas que me esgota molesta esvai-me a alma Aproximarei as estrelas flutuantes das telas imprecisas Não saberei pintar a dança e os sorrisos com que se balançam Perante a melodia sincopada da gravidade num rasgo i...