Veneno
Foto: Ana Maria Oliveira Defeca o ditador nas costas do escravo Evacua o reptil arquitetando a matança Cuspe o sabujo convencido que é gente Degolam-se os algozes transformando o ódio em herança O lacrau expele o veneno ensaiando a dança O imperador ostraciza convencendo-se que é um deus Escarra sobre a flor que ilumina o caminho Expulsa os mendigos para o submundo embelezando a superfície Executa crucificações aplaudindo divertido com trajes de arminho A vomição ambiciona despachar a dor que se agarra ao coração Expele mensagens de adeus chutando antipatias patológicas Abraça movimentos espasmódicos que anunciam a partida De energias sobreviventes a piruetas morfológicas Num teatro de faz de conta onde se mutila quem oferece afagos Soltando-se ansiosa das correntes antropofágicas Despeja-se na valeta a dedicação e empenho Afasta-se o ser escorraçado e mal-amado em êxodo Relega-se de forma indiferente e egoísta Proscreve-se o que nã