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A mostrar mensagens de dezembro 3, 2023

Veneno

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  Foto: Ana Maria Oliveira Defeca o ditador nas costas do escravo Evacua o reptil arquitetando a matança Cuspe o sabujo convencido que é gente Degolam-se os algozes transformando o ódio em herança   O lacrau expele o veneno ensaiando a dança O imperador ostraciza convencendo-se que é um deus Escarra sobre a flor que ilumina o caminho Expulsa os mendigos para o submundo embelezando a superfície Executa crucificações aplaudindo divertido com trajes de arminho   A vomição ambiciona despachar a dor que se agarra ao coração Expele mensagens de adeus chutando antipatias patológicas Abraça movimentos espasmódicos que anunciam a partida De energias sobreviventes a piruetas morfológicas Num teatro de faz de conta onde se mutila quem oferece afagos Soltando-se ansiosa das correntes antropofágicas   Despeja-se na valeta a dedicação e empenho Afasta-se o ser escorraçado e mal-amado em êxodo Relega-se de forma indiferente e egoísta Proscreve-se o que nã

Canibalismo galáctico

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  Foto: Ana Maria Oliveira   Sinto que percorro uma garganta apertada que me estrangula A pequenez que me assiste não impede a deglutição do colossal Fragmento-me dentro do processo de digestão lenta Debato-me procurando salvaguardar-me na distância Protegendo o corpo e alma do predador evitando ser devorada   O gigante ignora a sua brutalidade E a capacidade de distorcer o outro Suga-lhe as entranhas Derruba-lhe a personalidade Castra-lhe a criatividade Silencia-lhe o grito Dá-lhe a bofetada final Regurgitando o ego Festejando a provocação da perda de identidade   Sobrevoando outros espaços evitando a colisão Pairo sobre o buraco negro a distância segura Pois a gravidade envolve-me e prende-me na rota de impacto Não querendo tornar-me matéria amorfa opto pela cisão Em campo movediço de fungos invisíveis que sustentam abrasões Perante a inércia do bando fujo do cadafalso Onde germinam atentados à dignidade cobertos de corrosões