Mensagens

A mostrar mensagens de junho 25, 2023

Sem existir

Imagem
  Foto: Ana Maria Oliveira Não há campo que me acolha Não há espaço que me enlace Não há choupana que me proteja Não há laço que me abrace   Não há casa que me albergue Não há mar que me afogue Não há nascente que mate a sede Não há estrela que me afague   Não há oceano que transponha Não há montanha que me encante Não há iceberg que me congele Não há cama gratificante   Não há estrada que me oriente Não há escarpa que me desafie Não há barco que me salve Deste afogamento bravio   Não há confissão que me alivie Não há desabafo que me alegre Não há choro que me hidrate Não há grito feito milagre   Não há lembrança feliz Não há livro que me envolva Não há melodia de raiz Não há projeto que me absorva   Não há beijo que me envolva Não há fogo que me toque Adormeço algures esgotada Entre a vigília e a morte

Não pertença

Imagem
  Foto: Ana Maria Oliveira   O aroma adocicado do esbofeteamento Gera geografias e topologias cortantes Ao encontro do sentir do bramido Que se esconde no delineamento dos nódulos Vulcões adormecidos em palcos de mudez Perante o gemido em bulício que acompanha o compasso pedestre Enquanto as mãos dos tolos afagam o polimento cortês     A febre surge do nada frente a uma virose implantada O organismo ressente-se na avalanche de sensações O maxilar retesa-se desintegra-se Provoca estalidos de advertência Que a dor está prestes a desencadear-se Vai-se a memória e apazigua-se o conflito por divergência     O bálsamo açucarado das flores ao vento por entre o arvoredo Cria náuseas pela impregnação do ar Contrariando a poluição das viaturas barulhentas Que se apressam no tempo cegamente iludidos Rodando asfaltos de terror em pilares sacudidos   A multidão de abelhas sobrevoa irrequieta a árvore frondosa Aguardando um poiso macio para largar a fe