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A mostrar mensagens de agosto 6, 2023

Não sei escrever o amor

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    Foto: Ana Maria Oliveira Somos criadores de conteúdos suspensos no algar Entre margens moventes que ladeiam o rio empedrado Da inveja e do ódio   Escuto os sons de um corpo que escachoa Alongando-se nas dimensões plurais Saltando brechas esqueléticas Deslizando por ravinas flutuantes Onde dançam borboletas   Agora estraçalho-me em tiras elásticas Para chegar aos lugares do encanto cristalino Das águas deslizantes pelas concavidades Do ventre da terra mãe em estonteante espiral Que acalenta as depressões da memória cega Das partículas destrutivas do contágio viral   Não sei escrever o amor Nem carregar com ele montanha acima O absurdo amoroso é uma trepadeira florida Que contamina a perspetiva tacanha De quem sustem o vómito perante afasias Para não estragar a toalha rendada Dos criadores de fantasias   Enfrentar os malabaristas ou entrar no jogo É que a queda tem dia e hora marcados E é cansativo trocar as voltas nos carreir

Sombra

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  Foto: Ana Maria Oliveira Com a tua ausência sobreveio um tempo conturbado Por tempestade magnética provocadora de compressões doridas O sol outrora convidativo envia dardos que desfazem corpos Transformando-os em vapores poluentes anulando o folgo Anunciadores de cidades subterrâneas fugindo ao fogo   A sombra é o refúgio perfeito para repousar a cabeça Impedindo que plane noutras dimensões Em esgotamento de agonia num acordar estranho Pois massas acéfalas desgastam o resto dos meus dias em desfalque Pelas arquiteturas de arte trágica em que os escravos do sonho Denunciam os horrores do compasso adulterado das relações Enquanto na gamela da fome fervilham o contágio e o decalque   A despedida impregna-se nas células do corpo O choro convulsivo acolhe a flecha certeira contra o coração A renovação constrói-se a cada passo A luminescência segrega os últimos restos de energia Num corpo em contínua desidratação E o bafo que asfixia cria aneurismas

Palavras

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  Foto: Ana Maria Oliveira   Germina uma dança lenta entre jogos de escondidas Perdeu-se algures a cabra-cega e os significados voaram Para dentro das máquinas eletrónicas geradores de fantasias Captadoras de atenção anulando genuínas companhias   Pesadelos laceram a noite como um ciclo de traumas Pressinto a rutura à espreita e uma avalanche de pedregulhos Ameaçadora da lucidez é a pérfida sinusite cruel estonteante Como rinite persistente em luta anulando o oxigénio Germinando um ressoar infindo produzindo a modorra limitante   O pensamento perde-se nos labirintos da mente atafulhada Em arame farpado ferindo ideias de salvação A expressão dilui-se na inflamação da garganta obstruída A declaração inexistente come-se gelada Declaro guerra a alianças burocráticas Rasgo contratos que minam a minha alma O grito rompe sem pejo os tímpanos E o silêncio provoca espasmos sacudindo a calma   As sílabas carcomidas expelem estruturas balançantes De p