Débil memória
Foto: Ana Maria Oliveira Não tenho memória Peguei-lhe fogo nos dias de loucura Em que mergulhei nua nas praias inventadas Pelo desespero de me sentir encurralada nas decisões mais penosas Agora anseio renascer noutro planalto em majestade Onde as gazelas correm à frente dos leões ziguezagueando Lutando pela vida num jogo faminto de sangue Desejo a energia do presente esvoaçando em meu redor Respirar o sol o frio o nevoeiro a neve a chuva a tempestade Perdi a memória Tornei-me loba desconfiada e solitária que recolhe à toca Para recarregar o corpo com os nutrientes Improvisados perante a chacina anunciada Na agitação da bandeira negra dos homicidas Agora as entranhas rejeitam a carne Disfarçada de especiarias em podridão Anunciando percursos em esconderijos Evitando o vozeado da multidão Ausentou-se a memória Há um...