Esquecimento
Foto: Ana Maria Oliveira Não te reconheço envolvido na metamorfose dos sinais Saltaste a cerca e transfiguraste-te Num ser que se esvazia para a campânula Onde são aprisionados corpos másculos Envolvidos nos sonhos de animal apavorado Com os desaires e as ausências paternais Edifiquei pontes de papel que aniquilaram desejos Cimentados pela eleição dos deuses manipuladores De encéfalos e remoinhos galácticos Transformo-me sob a pressão do rio de lava cega Em partículas insignificantes num turbilhão Derrubada por zangões que patinam em simulacros Que servem de esconderijo às fraquezas e audácias Que manobras com a ânsia dos mistérios e ambição Esfumaram-se as entoações alinhavadas nas nuvens Com que nos aconchegávamos em brandura E qual raio transforma-se a dança do afeto em rompimento E a voz do toque da ternura não tem ouvinte Esfumando-se em labirintos profundos e espirituais Perdendo-se a doçura na sonoridade ...