Canibalismo galáctico
Foto: Ana Maria Oliveira |
Sinto
que percorro uma garganta apertada que me estrangula
A
pequenez que me assiste não impede a deglutição do colossal
Fragmento-me
dentro do processo de digestão lenta
Debato-me
procurando salvaguardar-me na distância
Protegendo
o corpo e alma do predador evitando ser devorada
O
gigante ignora a sua brutalidade
E
a capacidade de distorcer o outro
Suga-lhe
as entranhas
Derruba-lhe
a personalidade
Castra-lhe
a criatividade
Silencia-lhe
o grito
Dá-lhe
a bofetada final
Regurgitando
o ego
Festejando
a provocação da perda de identidade
Sobrevoando
outros espaços evitando a colisão
Pairo sobre o buraco negro a distância segura
Pois
a gravidade envolve-me e prende-me na rota de impacto
Não
querendo tornar-me matéria amorfa opto pela cisão
Em
campo movediço de fungos invisíveis que sustentam abrasões
Perante
a inércia do bando fujo do cadafalso
Onde
germinam atentados à dignidade cobertos de corrosões
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