O crepitar do fogo
Foto: Ana Maria Oliveira Fervilha o pântano nos confins do inacessível Guardião de relíquias e fósseis falantes Mensageiro da glória e derrocada humana Embelezador de cadáveres Caldeirão nutritivo do princípio vital Como se a nossa mente não alcançasse A existência borbulhante sem começo Uma casa feita abrigo sem telhado Nem visualizasse um poço sem fundo Um ser vivo remexendo a terra sem coração aliado Crepita o fogo na eternidade do gelo flutuante Enviando fagulhas caóticas trespassando os corpos A alma grita querendo erguer-se para a imensidão Desconhecendo atalhos que a libertariam da prisão Baralham-se os termos que nos colam os lábios Nos cortam a língua Sob a frieza da lâmina em aço moldado O ciclone surge como guilhotina que degola E nos divide no lamaçal de que o humano é costurado O sopro faz-nos levantar voo com outro rosto Dotados de novos membros fortes asas Para sermos donos dos céus múltiplos ...