Sem existir

 

Foto: Ana Maria Oliveira


Não há campo que me acolha

Não há espaço que me enlace

Não há choupana que me proteja

Não há laço que me abrace

 

Não há casa que me albergue

Não há mar que me afogue

Não há nascente que mate a sede

Não há estrela que me afague

 

Não há oceano que transponha

Não há montanha que me encante

Não há iceberg que me congele

Não há cama gratificante

 

Não há estrada que me oriente

Não há escarpa que me desafie

Não há barco que me salve

Deste afogamento bravio

 

Não há confissão que me alivie

Não há desabafo que me alegre

Não há choro que me hidrate

Não há grito feito milagre

 

Não há lembrança feliz

Não há livro que me envolva

Não há melodia de raiz

Não há projeto que me absorva

 

Não há beijo que me envolva

Não há fogo que me toque

Adormeço algures esgotada

Entre a vigília e a morte

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