A nudez do desalento

 

Foto: Ana Maria Oliveira

A autoilusão extravasa no prato vazio do amor

A vitalidade deambula pela noite cega

Regressa ao refúgio o bando de rolas

Sobrevoa com avidez o galinheiro improvisado

Decompondo fictícias e sobrepostas posturas

 

Os girassóis deixam-se comer pelos vermes

Que trocam a volta ao tempo e sobem até às folhas

Esburacadas lentamente pela fome

Acasalam vegetal e animal na face inexpressiva da paralisia

Perante a automatização dos gestos de indiferença das pessoas

 

Os catos persistem em não dar flor

No encadeamento da tempestade

Devoradora dos órgãos de sobrevivência

Deixando os oxímetros avariados

Perante arritmias desfeitas em abstinência

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