O baú do passado
Foto: Ana Maria Oliveira |
O baú de talha chinesa permanece em zona de passagem
Qual portal
misterioso nem no corredor nem na sala
Parece indeciso do
lugar que ocupa no espaço
A arca é nave de
retorno ao passado impreciso
Gera a insurreição
que sustenta ainda os sonhos de paz e amor
Caixa de sintonia
com outros passos e palavreados
Abraça tecidos
ebúrneos por onde mãos sábias acariciaram
As linhas
empreendedoras de afagos e bordados
As lágrimas
incontidas regam as almas perdidas para o cosmos
Que extravasa de
contaminações e ligações como se não passasse
De uma serpente
dançante abocanhando galáxias trepidantes
Desenhistas de
mistérios enredos cortes e costuras
Ponteados por
entre as aberturas de calamidades sussurrantes
A madeira golpeada
eterniza suspiros
Testemunhos
sentidos no dilacerar do corpo
Regista dragões
alados ondulantes no imaginário humano
Gotejam pelejas em
jogos de vida e morte estigmatizadas
Desbravando um coração
determinado em prosseguir
Ultrapassando
portais de acesso a outras estrelas
Anulando os
tentáculos dourados do inferno
Cirandando
genéticas abruptas de sobrevivências reptilizadas
Desenrola-se o
novelo que cria bailados de um tempo
Que se espraia
numa frequência de fantasias contidas
Acalentando marés
ansiosas que aceleram
O rodopio tresloucado
das águas revoltas em desnorteio
Erguendo o castelo
de algodão que esconde lâminas
Prontas a decepar
mãos que criam e eliminam ideias
Construídas no
ritual do delírio da criação sem freio
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