Espírito felino

 


Baguera espreita-me

A pequena felina examina-me tranquila

Sabe que estou em stresse isolada

Do mundo que agonia

Da sociedade que definha numa imagem profética

A náusea e o vómito dos fratricidas

Dos governantes que escravizam o seu povo

Defraudando o que a todos pertence

Amealhando fortunas sem ética

 

A gata siamesa na sua inteligência felina

Sabe que sofro

Pois vem amiúde lamber-me a mão esquerda fraturada

Espera que me acalme

Me deite confortável em aconchego

E depois aninha-se no meu colo

Enquanto os humanos alcançam os fins sem olhar a meios

Se misturam com vícios, escravos de egoísmo e receios

 

Que patetice!

Pobres homens navegando na mediocridade das ilusões

Oligarcas enforcados na ganância quais espectros alados

Enriquecimento fácil a troco da dignidade

Ilhas paradisíacas transformadas em lugares estratégicos

Onde se projeta o abate da humanidade

E nós incautos, drogados e sonolentos de olhos fechados!

 

A gata siamesa escuta-me os pensamentos

Mas paira um ressoar feito cansaço como ato final

Talvez de escravo soltando sopros de socorro 

Num mundo por um fio que ninguém quer saber

Mas os verdugos tratam negócios de última hora

Quem sabe comprando a própria vida a troco da destruição total

Regozijando-se que as marionetas que manipulam

Lhes darão indubitavelmente a vitória

 

Anunciam-se tempos de paranoias

Ações psicóticas a fervilhar no centro da terra

A gata siamesa sabe por que meandros o caos é feito

Mas serenamente adormece enroscada no meu leito

 

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