Desligamento

 

Foto: Ana Maria Oliveira


Sangra o adeus silencioso na profundeza do verbo por enlaçar

Perco-me nos trejeitos e no compasso lento dos sonhos alheios

Mesmo quando impelida pelo vento

Esquecida do cordão prateado que ainda me sustém

Por entre as janelas entreabertas do pensamento

 

Os pés descalços sobre a relva desprendem-me dos tentáculos do pretérito

Fazem de mim o construtor da  própria vida preciosa

As lágrimas desfazem amarras que acompanham um rio solitário

Sedento de transbordar o sentir interior onde a minha alma repousa

 

Decretei o afastamento dos indiferentes apáticos egocêntricos e narcisistas

É um adeus prolongado mas convicto e libertador

Surge preenchido de arquiteturas cósmicas

Alcanço a paz no turbilhão do paradoxo existencial

Desatando projetos celestiais que o meu corpo esqueceu

Mas que a supraconsciência me segrega que surgiu o tempo ideal

 

Sei que a despedida já foi decretada no túnel onde os tempos se envolvem

Onde os sorrisos florescem soltando fagulhas de glória

Os meus órgãos alertam-me para a diretriz

De uma outra ascensão onde sou protagonista da minha história

 

Grandezas alucinações alheias fazem ricochete 

Na determinação em vibrar na frequência da serenidade

Trajo de arco-íris por entre presenças e ausências

Apesar da mágoa purifico os passos

Que me conduzem à fonte primordial de sagrada melodia

Inicio um novo ciclo desligando conexões frágeis e contingentes

Excluo ilusionismos mentais e alcanço equilíbrio em límpida euritmia

 

 

 

 




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