Hibernação
Foto: Ana Maria Oliveira |
Há um corpo que me acompanha na projeção dos soluços
Se
enrosca nos dedos ansiosos de vida crepitante
Percorrendo
inquieto os compartimentos da casa
Uma
sensação enganadora de calor ao som da música dançante
Como
pássaro absorto e encurralado a quem falta uma asa
O
letargo busca a quentura de um velho cobertor
A
modorra provoca a hipnose dos mundos paralelos
Na
iminência hibernal em carência de sustento
Enfrentando
o envolvente adverso e espinhoso
Intervalando
o despertar em pranto e abatimento
O frio de novembro congela as mãos acariciadoras de visões
A
temperatura interna abrevia o desejo das torrentes
E
quebra a pulsação desenhada num quadro romântico do pôr do sol
A
míngua da pressão arterial prepara o ocaso em alheamento
Quando
a decrescença do metabolismo acende por dentro um farol
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