Estou por minha conta

 



 

Ergo-me em luta para lá do altar profanado

Invento danças no meio da floresta

Sou então o próprio bailado em transe

Alço a tocha defendendo o fogo

Então meu corpo é lava desenfreada

Que dá o grito da vida em incandescente brasa

 

Mesmo num parto imperfeito de agonia

Que se prolonga no rasto magnético do mar em fúria

Vomito as entranhas para enfrentar o duro gelo

No corte invasor do bisturi acelerado da cirurgia que perdura

 

 


Os genes são fluidos que se adaptam às marés

Na construção de casulos onde renasço com asas

Noutros ninhos suspensos na metamorfose dos matagais

É lá que mora o espírito ondulante do bem-querer

Mas o meu corpo quebradiço em final de escalada

Só perspetiva a sonoridade tentacular

Da monstruosidade à solta que tudo modela a frio

Num planeta que quer urgentemente mudar

 


Germina a água revoltada nos chãos das casas

Faço da insulação a força que controla a dor

A poesia que concebo retorna à origem

Acompanha a lanceta que esquarteja a carne

Colocando a nu diferentes pavios em sombria dimensão

Com renovados deslizamentos de pele

Não é bonita nem disforme nem benigna nem pérfida

É o único cobertor que tenho em invernos de inferno 

E acontece como explosão incontrolável da minha louca criação


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