A escassez do tempo
Foto: Ana Maria Oliveira |
Aguardando
a rajada dos dias na degustação do sal
E
quando a memória se extinguir e o precipício me devorar
Que
permaneçam abertos os canais em topografia incerta
Para
que a existência se concretize como plataforma
Por
onde se possa navegar mesmo na iminência de ruína
Quem
sabe a voz se transformará em semente a flutuar
Na
brisa fresca da manhã na antevisão da morte
Germinação
incontrolável abrindo as folhas ao sol que desperta
Talvez
o significado da raiva e inveja tenha sido excluído
Se
ignore em esquecimento o travo a sangue das pelejas
Que
o sentir da inquietação não transvasa para os homicídios
Que
se não tenha medo da solidão no rasgar do momento
Pois
é com ela que se cantam os hinos de júbilo
Ainda
que pela invasão sem convite do estrangulamento
Respirar
com a sensação de queda a abraçar os movimentos
De
jornada desprendida que ao interior da terra conduz
O
salto do parapeito é adiado prolongando o gemido
Como
se o sofrimento se transformasse num punhal
A
escorregar morosamente pelos olhos
sensíveis à luz
Qual
cetáceo largar o resguardo temporário
Mergulhando
vulnerável no escuro profundo e vasto oceano
Virando
costas ao exíguo e claustrofóbico aquário
Orientando
para nova fase de escolha e autenticidade
Ritualizando
a nova empreitada com cuidado em suave campanário
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