Inverno

 

Foto: Ana Maria Oliveira

A frieza sobrevivente das inundações

Exala os odores da fermentação dos desvios

No lamaçal das angústias maquilhadas de pânicos

Quando os adultos dilaceram as crianças

E acendem ódios milenares enraizados na genética dos delírios

 

Os vermes espalham-se invisivelmente nos currais da morte

Os vírus contaminam os órgãos espalhando agonias

Selecionam os frágeis sufocando-os

Perante uma assistência que aplaude

Como se ouvisse intermitências de sinfonias

 

A incontinência de esforço abre janelas de inquietação

De impotência e desespero aprisionados no gelo profundo

Dilacerando sonhos e romantismos em desidratação

Provocam-se alagamentos e estilhaços bombardeamentos e percalços

Miscelânea perfeita para perdurar a mundial inflamação

 

As irritações das mucosas preparam superfícies de aterragem

A bactérias dançarinas em meio fluído de catástrofe

Lágrimas de revolta amaldiçoam patologias sangrentas

Adormecidas nos dilúvios sem freio da mãe terra

Perante leucócitos incansáveis à deriva nas veias

Salvaguardando o batimento cardíaco que subsiste

Mesmo em tensão alta de obscuridade em vias lamacentas

 

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Canibalismo galáctico

Famintas palavras

Devorar a existência