Fluorescência
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Pintura de Ana Maria Oliveira- Acrílico, Março 2024 |
Abre-se a luz depois do inverno cercado pela penumbra do desencanto
Por onde os elementais se abraçam e proliferam
Sustentando as vibrações de um paraíso em colapso
Agita-se
a proteína fluorescente trazendo para a visibilidade
O
parasita anulador de romantismos
Construtor
de cefaleias e trapezista entusiasta
De
rasgos cortes e amassos gastronómicos
É
imensa e incontrolável a energia que me trespassa
Perante
um picar sensitivo sobre um coração em queda
A
desidratação emocional acompanha as vertigens
O desalento anuncia a síncope
E
a fadiga aloja-se na ponte quebradiça do alento suspenso
Germina
a luminescência adiada na frieza dos objetos
Que
atravessam inanimados o portal do tempo
E
uma ave revoltada em voo picado solta o grito
Em
direção à sobrevivência em topografias adversas
Mesmo
sem asas dou materialidade ao sonho interior
E
arquiteto a fuga de alheios prosternamentos subtis
Sorrisos
de hipocrisias e impassibilidades
Fecho a porta e tranco-me por fora
Agora
sigo noutra geografia humana em exaltação
Deixo de pisar aquela praia que me atirava sem piedade
Para
uma maré de calmaria fictícia e alienação
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