Máscaras
Foto: Ana Maria Oliveira |
Aceno incrédula às máscaras nestes tempos frígidos
Cinge-me a incapacidade
em suspender o vendaval
Que vem da serra
envolta em fúrias de egocentrismo
Destruidora de disfarces
e celebrações abauladas
Pelo desespero e utopia
em noites esgotadas
A carranca de esgrimista
teima em me perfurar o corpo
Mascarilhas de mergulho
afogam-me no oceano tormentoso
Espreitam-me os
passos os gestos e trejeitos
Os choros e o sono
gelado pela madrugada
De catos infestados
de parasitas em respiração rasgada
A anteface do
soldador incendeia-me e aprisiona
Como marioneta resgatada
de precoces soldaduras
Com acessórios
impostos pelo deslizamento do corte
Escultor
meticuloso cioso e provocador de queimaduras
Maneio-me no
ritual atarantado da dissimulação
Porque o meu mundo
é feito de guerrilhas espavoridas
Mantenho-me na
superfície de um poço onde nado na aparência
E esvazio-me
aturdida nestas manobras de exaltação
Esvoaço entre incógnitas máscaras sociais
As cirúrgicas e as
que se pintam na desumanização dos estendais
Resguardando bronquites
rinites e a face desgostosa da tristeza
Pois o alento vem impregnado de anelação e coriza
Porque a vida se
realiza na envolvência dos múltiplos cenários
Cinematografias sucessivas
recusam o final de película
E a
instrumentalização do bailado improvisado
Rejeita desajeitadamente
os fantasmas da prostração
Combatendo tenazmente a pluralidade de calvários
Li, reli e voltei a ler e fiquei sem palavras.
ResponderEliminarO seu poema é soberbo.
Parabéns pelo talento, muito talento, que as suas palavras revelam.
Boa semana.
Beijinhos.