Estupefação

 

Foto: Ana Maria Oliveira

 Esfuma-se a proteção fictícia na pedalada destravada do caos

Só os esboços medíocres sobressaem na cobardia pintada de fama

E na tentativa traída de purificação da atmosfera que respiro

Surgem pirilampos enlouquecidos na trajetória do delírio

Envolvendo um narciso que se deleita consigo próprio e a ninguém ama

 

A navegação no inconstante e desequilibrado gera exaustão

No matagal sem nome esconde-se o apavorado recluso

Mesmo entre vegetação ambiciosa provocadora de aludes

Penedos soltos e incontroláveis deslizam coléricos pela serra

E o meu pensamento rodopia neste envolvente perigoso

Tentando alcançar estados gravitacionais de repouso

 

Um corpo estranho entorpecido escorre pelo rio de lava

Envolvido na rede corta os nós e traça novas metas

As reflexões detonam entre estrelas insubmissas

E asas inventadas voam sobre alomorfias inquietas

 

Moldo substâncias fluidas e dormentes qual escultor

Que encontra no babelesco dos materiais a loucura

De um conceito periclitante sustentador de formas em declínio

Não há espelhos que projetem imagens que criei de um mundo fictício

E um soco tremendo acorda-me para a realidade

Provoca perplexas recreações esqueléticas

No traço obscuro dos labirintos desejando armistício

 

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