Mendigar atenção

 

Foto de Ana Maria Oliveira

Por entre a agitação bailarina e feroz da fauna

A gaivota encena a coreografia anunciadora de borrasca no mar

Adapta-se a ave oportunista à imundície das lixeiras

E ao desperdício excedente dos humanos

Alheados do cataclismo que tudo devora e alteia barreiras

 

O ser pedestre desperdiça  inteligência e criatividade

Agindo como máquina programada ao serviço do poder

Campeões do engano enlaçam malabaristas da ilusão

Gigantes na mente enganosa sofrendo de pequenez

São pedintes descarados de atenção

Surgem como bestas salteadoras e inquietas em pura estupidez

 

Prolifera a manipulação de massas abastadas e cegas

Devoradoras de materiais de consumo que viciam

A fragilidade oculta-se atrás dos écrans da era digital

Que afaga e degola o pedinte emocional

Seguem a nave da instabilidade que reúne milhões no culto ao ego

Explodem comportamentos patológicos

Ínfimos e paranoicos na ascensão efémera a deuses do virtual

 

A intoxicação escorre dos fluidos da geração aprisionada

Nos corredores eletromagnéticos dos socos e violações

Berrarias homicídios discórdias e guerras

Perde-se o refúgio do silêncio e a harmonia da calma

E o prazer do odor subtil a primavera em suaves elucubrações

 

 

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