A pegada dos gatos
Depois da seca, a chuva
torrencial a inundar as casas e as ruas
Agora o final de janeiro
empurrou o frio
Sobre este pequeno país
de temperaturas amenas
E os gatos marcam
encontro no leito dos adultos
Aninham-se no nosso
abraço correspondendo às carícias
O sol entra a medo pelas
janelas tristes e cansadas
Permanece poucas horas
abandonando estas paredes
À humidade omnipresente e
ao desconforto
E eu impotente e
desarmada de mão amarrada
Deambulo sinistrada num ritual
cortante escorregadio
Piso inseguro entre
leituras, escritos
Seleciono imagens que
abafam os gritos
Só a estrela mãe carinhosa
E a relva dedicada deste horto que me envolve
Me segreda para serenar a minha alma
Que contempla os reflexos do verde
No banco de jardim de onde a euforia se ausentou
A cintilação das cores trás com ela os anjos
O chilreado dos pássaros anuncia gloriosos projetos
O riso alegre e brincalhão das crianças
Serve de base e sustento digno a outros intelectos
Sei que germina a
multiplicidade dos encontros
Provocadores de línguas e
juventude que acredita no futuro
Vejo-os passar como que
gravando teses nos telemóveis
Vozes acenando ao vento os
sonhos por concretizar
Num idioma que me inunda
a alma de tempos idos
Me acaricia os devaneios e resplandece amore italiano
Mas
que linguagem esta que me revoluciona o espírito
Como
se fizesse parte do meu corpo que inspira
Renasce
mastigando-me as entranhas
Inunda-me
de luz
Ah Italia mi scorri nelle vene e portami a ballare
sui monti
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