Ausência do toque

 


Desabrocha a arquitetura adversa nas cidades do desconsolo

Perante a agressão tácita que esconde a exclusão oculta

Pesar que se entranha na teimosia de queimar o incenso

Esfumando o espaço sobre o chá esquecido

E a desidratação do corpo anunciando a queda

Perante o definhamento da empatia à solta

 

Obscurecem os reflexos e atrofiam-se gaguejares

Despedaçando afetos caídos no poço fétido do cinismo

Agora surgem os maestros da brutalidade em dor maior

Para um auditório ávido de repulsa e furor

 


Nas pegadas germinadas por detrás do teclado

Permanecem vestígios de ofensas e perseguições

A comunhão adquire estatuto de fraqueza e imbecilidade

Num descarado sistema capitalista de opções insanas

Que provoca sem pejo a quebra das ligações humanas

 

Nesta gestão quebradiça todos se promovem a si mesmos

Num ritual ríspido e frustrado visto-me do avesso

E na saída da pandemia enfrentando a guerra

O ser humano abate-se no centro dos vícios

No rumo mais fácil afundando-se no leito escuro de egoísmo



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