As palavras não ditas

 

Foto: Ana Maria Oliveira


 

Germina uma dança lenta entre jogos de escondidas

Perdeu-se algures a cabra-cega e os significados voaram

Para dentro das máquinas eletrónicas geradores de fantasias

Captadoras de atenção anulando verdadeiras companhias

 

As sílabas carcomidas vomitam estruturas balançantes

De projetos artimanhas e adiamentos de viagens

Para renovados pousos melodias e chilreados

As consoantes trocadas e as vogais inquietas

Tateiam um chão minado de teatros esburacados

 

 Pesadelos laceram a noite como um ciclo de traumas

O corte à espreita e uma avalanche de pedregulhos

Ameaçadora da lucidez é a pérfida sinusite estonteante

Como a rinite persistente em luta anulando o oxigénio

Germinando um ressoar infindo gerando a modorra limitante

 

O pensamento perde-se nos labirintos da mente atafulhada

Em arame farpado ferindo ideias de salvação

A expressão dilui-se na inflamação da garganta obstruída

A declaração inexistente come-se gelada

Declaro guerra a alianças burocráticas

Rasgo contratos que minam a minha alma

A palavra grito rompe sem pejo os tímpanos

E o silêncio provoca espasmos abanando a calma

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