Sem frutos

 

Foto: Ana Maria Oliveira

Hoje ficarei por aqui onde os pilares foram improvisados

Com a vontade em erguer um lar de sonhos

Quando adivinhava a catástrofe

Mas sem saber o nome da impotência

Nem a cor da solidão

 

A serenidade faz-me companhia

Pois despejei para longe as fragilidades pinceladas de negro

As mãos apenas salpicarão a ouro e azul os projetos rasgados

Os estudos ambicionados e não concretizados

 

Trago ainda tatuada na testa a definição de dadora de humanidade

Ajudanta de campo a tempo inteiro

Jardineira desesperada sem frutos

Empregada das limpezas num mar egoísta de imensidão cega  

Facilitadora da vida alheia em esquecimento da própria

Dar!

É o nome do tapete debaixo dos meus pés que me orienta

Mas que me esgota molesta esvai-me a alma

 

Aproximarei as estrelas flutuantes das telas imprecisas

Não saberei pintar a dança e os sorrisos com que se balançam

Perante a melodia sincopada da gravidade num rasgo imensurável

  

O bordado de ouro sobre azul amadureceu

Nos fios débeis das amplitudes emocionais

E as visitas noturnas anunciam a bandeira da partida

Moldam-me a ponta dos dedos ansiosos

A figura maternal que cuida permanece abrindo caminho

Em campos de visão incógnitos frios e ventosos

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