Sombra
Foto: Ana Maria Oliveira |
Com a tua ausência sobreveio um tempo conturbado
Por
tempestade magnética provocadora de compressões doridas
O
sol outrora convidativo envia dardos que desfazem corpos
Transformando-os
em vapores poluentes anulando o folgo
Anunciadores
de cidades subterrâneas fugindo ao fogo
A
sombra é o refúgio perfeito para repousar a cabeça
Impedindo
que plane noutras dimensões
Em
esgotamento de agonia num acordar estranho
Pois
massas acéfalas desgastam o resto dos meus dias em desfalque
Pelas
arquiteturas de arte trágica em que os escravos do sonho
Denunciam
os horrores do compasso adulterado das relações
Enquanto
na gamela da fome fervilham o contágio e o decalque
A
despedida impregna-se nas células do corpo
O
choro convulsivo acolhe a flecha certeira contra o coração
A
renovação constrói-se a cada passo
A
luminescência segrega os últimos restos de energia
Num
corpo em contínua desidratação
E
o bafo que asfixia cria aneurismas sepulcrais
Em
detonação adiada minando a respiração em letargia
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