Fronteiras imaginárias
Foto: Ana Maria Oliveira |
Abraço
eflúvios que me amparam e erguem do chão onde desmaio
Pois
esta inversão de marcha anunciada projeta-se
Nos
alicerces do passado inexistente
Porque
os sorrisos debandaram para um espaço incógnito
Na
profundidade misteriosa do reverso dos corpos
E
a memória traça armadilhas virtuais num conflito persistente
Alcancei
o inverno das fronteiras imaginárias
No
viaduto contrário das falas
Na
dispersão fantasmagórica dos argumentos
No
desflorar lento e penoso da escrita
No
vazio frígido e penetrante do silêncio em antever
No
desvanecimento acelerado da respiração
Na
estranheza isolada e caprichosa da ambição alheia
Na
cegueira obstinada das criaturas sugadoras de poder
É
um tempo precioso de recuperação
Da
criança que habita em mim apesar da enxurrada turva
Acumulando
a força e a determinação de se manter de pé
Pois
as decisões correspondem ao livre-arbítrio
Mas
as mudanças chicoteiam os girassóis
Que
se abatem com o vento persistente e a chuva
A
vida que no interior de mim gravita segura-me os membros
Ergue-me
o rosto para as estrelas e anuncia-me novos projetos
E
grita que é sempre altura de renovar criar construir
Porquanto
a fragilidade das rosas esconde-se nos espinhos
Defensores
de sonhos fulgurantes de pétalas macias voando
E
o tronco teimoso envelhecido é sustentado pelas raízes sob a terra
Aguardando
a próxima floração sem medos nem garras
Onde
não há vencedores nem vencidos
Nem
vítimas nem carrascos
Apenas
a visão do acontecer fluindo a cada passo sem amarras
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