Reino suspenso
Foto: Ana Maria Oliveira |
Atravesso paisagens ditadas pela potência rodopiante das galáxias
Que
chacoteiam visões espasmódicas entre rajadas de nuvens elétricas
Por intempéries caóticas provocadoras de vertigens
Envolvendo
o espírito num reino suspenso de feridas abertas
Provoco a ligação direta à fonte numa tentativa de subsistir aos tremores
Em
topografias desinquietas pela impermanência furiosa
As
pontes são destruídas pelas expectativas crucificadas
Pelos
projetos desenhados na temporalidade do movimento da mariposa
Mas
pressinto que tenho de abandonar o circuito antigo e voo levantar
Deixando
bilhete para quem deseja seguir viagem neste comboio
Transitando
sobre carris em esforço gigante ultrapassando penhascos
Pois
a carruagem onde prossigo está na iminência de descarrilar
Esbracejo
na disseminação de viroses desafiando o ritual da existência
A
resignação paira sobre a cabeça dorida e febril prisioneira da morrinha
Experimento
um ser imóvel de olhar parado fixo no nada
Adivinhando
o fim de percurso
Que prevê para breve o alcance do final da linha
A
imaginação transporta-me para outro estrato luminoso
E
pairo nesta dimensão por segundos de leveza
Não
quero sair na última estação
Salto
do vagão e aventuro-me no reconhecimento
De
uma paisagem que se renova em velocidade abismal
E
no seio dela procuro guarida
É
por aqui que ficarei na intermitência do dia e da noite
Acompanhando
os mistérios da terra e os milagres da vida
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