Chove dentro de casa

 

Foto: Ana Maria Oliveira

As rajadas trespassam o telhado

Irrompendo no espaço humilde entre paredes

Deste modo acordo impregnada de um sonho mensageiro

Com a ânsia de traçar outros mapas que um deus austero plantou

Ultrapassar topografias íngremes de gelo e de silêncio

Reprimido na garganta que outrora cantou

 

As cordas vocais assimétricas geram rouquidão intermitente

Delineando o cântico à vida afago em desespero

As gotas de suor escorrendo pelo rosto em lassidão

Encontrando paz temporária no isolamento em parte incerta

Embrulhada no cobertor aquecido de mansidão

 

Os desejos evaporaram-se no amplexo da serenidade

Assim vou acabando com a paródia das falas mansas

Que escondem ambições que não têm o meu nome

Nem permanecem em sintonia com o meu ser em convalescença

Pois a desatenção permanece retida nos medos e vícios

De abalroados gestos de rejeição e indiferença

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