O regresso dos corvos

 

Foto: Ana Maria Oliveira

A mensagem esconde-se na silhueta hirta do corvo

No ponto mais alto da torre recortada pelo céu de lua cheia

Anuncia a insubmissão ao meloso

 

Alerta-me para a divisão fictícia

E para a consciência da unidade que liga os seres

E que permanece no substrato das melodias perpétuas

 

Aconselha-me a tentar o diferente sem receios

Pois o jogo da existência é premente

Em forma de amor e de gente

 

Encoraja-me a defrontar estímulos impulsionados pela criatividade

Que me aproxima do ser galáctico fatal  

Aponta-me a peculiaridade com que me envolvo

No comando da minha experimentação vivencial

 

Injeta-me o ânimo nas veias para abraçar reinos díspares

Convidando à dança e à alegria do respirar do poeta

Empurra-me para a diligência de dizer não a situações

E pessoas que arrastam com ela a mágoa que outros afeta

 

Orienta-me para o sentir da inteligência cósmica

Permanecendo livre de abrir as asas e criar

Recordando a posição que ocupo no universo

De abraçar partilhar envolver ajudar

 

Estou envolta no primórdio de um ciclo

Que mergulha confiante na ausência de cor

E que calorosamente é bafejado pelo negro do corvo

Avisando do fim e recomeço

E que norteia os meus passos com propósito

Neste surpreendente e desejado processo

 

Como ciclo eterno que molda e amassa

O corpo e o pensamento sem derrota nem vitória

É o carreiro que percorro desde sempre

Baralhado entre os gatilhos emocionais da memória

 

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