O trovejar dos espíritos

 

Foto; Ana Maria Oliveira


Agitam-se os elementos obscurecendo o cenário

Onde os humanos aceleram amedrontados

Pelo cintilar enfurecido dos relâmpagos

Lembrando que a natureza é rainha ignorando o sofrimento

E os enredos cinematográficos criados na mente

São subterfúgios aguçados a faca sem substância nem alimento

 

Apenas uma autofagia prazenteira que amarra os piedosos

À sua ineficácia indefesa perante a avalanche

De fogo e pedras lascadas

Lava e águas turvas revoltadas

 

Dancem elementos!

Venham lembrar-nos que somos invisíveis

Na profundidade do universo

Partículas ínfimas aturdidas

Pela cilada em que nos permitimos enredar

Perspetivando o enigmático caixão

Captando a onda eletromagnética em que nos movemos

Provocando o sentir como apenas um encontrão

Querendo levantar voo até onde a águia vive

Mas desgraçadamente mantemos os pés agrilhoados ao chão

 

Vem tempestade!

Acorda-nos desta modorra em que caímos

Amordaçados hirtos autómatos sem reação

Perdidos numa sociedade inconstante sem luminárias

Como besta em crescimento desordenado e apagado

Qual selva inundando configurações temporárias

 

Troveja!

Os raios caem perfurando o espaço compacto do alheamento

Anunciam a metamorfose das criaturas desencontradas

Surpreendidas pelo caos cortante das intempéries

Receosas da morte e da má sorte

E no centro desta bagunça infernal

Esquecemos que permanecemos como frequência saltitante

Sem qualquer noção fantasmagórica de bem e mal

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