Refazer a trajetória

 


 

Foto:Ana Maria Oliveira

O formato das nuvens anuncia-me que a fantasia

Levantou voo para o reino do impossível

Já não mora há muito tempo no castelo erguido

Pela criança curiosa e insaciável por histórias de enfeitiçar

Carregadas de melodrama e tragédias num palco dividido

 

Bato às portas que se mantêm fechadas

Enquanto a tempestade faz vibrar janelas do lado de fora

E dentro existe um chão minado apodrecido e esburacado

À espera de carpinteiro que transforme o sombrio em claridade

Refaço a trajetória acompanhada pelo ceticismo e glória

E juntos rodopiam estilhaçando velharias

Que se espalham petulantes e ariscas pelas cercanias

 

Invento pilares austeros de sustentação

Parando aturdida em cada temporada

Passo de uma carruajam para outra

Esperando para problemas inventados uma solução

Prossigo dando um soco na opinião alheia

Vou fundo no olhar e da minha boca

Saem verdades equilibristas que ecoam num giro estonteante

Desmascarando a prolongada crucificação

 

Ouço sussurros de lamentações e sonhos alheios

Faço a reciclagem e retomo a diretriz

Não perco tempo com pensamentos infrutíferos

Abraço com distância os pesares emotivos

Reimprimo a lembrança que me segreda no essencial

Que a narrativa de encantar foi uma quimera reduzida a cinzas

E que os fantasmas bailarinos adquirem invisibilidade

Saindo eu ilesa e íntegra neste confronto virtual

 

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