Refazer a trajetória
O formato das
nuvens anuncia-me que a fantasia
Levantou voo para
o reino do impossível
Já não mora há
muito tempo no castelo erguido
Pela criança
curiosa e insaciável por histórias de enfeitiçar
Carregadas de
melodrama e tragédias num palco dividido
Bato às portas que
se mantêm fechadas
Enquanto a
tempestade faz vibrar janelas do lado de fora
E dentro existe um
chão minado apodrecido e esburacado
À espera de
carpinteiro que transforme o sombrio em claridade
Refaço a
trajetória acompanhada pelo ceticismo e glória
E juntos rodopiam
estilhaçando velharias
Que se espalham
petulantes e ariscas pelas cercanias
Invento pilares austeros
de sustentação
Parando aturdida
em cada temporada
Passo de uma
carruajam para outra
Esperando para
problemas inventados uma solução
Prossigo dando um
soco na opinião alheia
Vou fundo no olhar
e da minha boca
Saem verdades equilibristas
que ecoam num giro estonteante
Desmascarando a prolongada
crucificação
Ouço sussurros de
lamentações e sonhos alheios
Faço a reciclagem
e retomo a diretriz
Não perco tempo
com pensamentos infrutíferos
Abraço com
distância os pesares emotivos
Reimprimo a
lembrança que me segreda no essencial
Que a narrativa de
encantar foi uma quimera reduzida a cinzas
E que os fantasmas
bailarinos adquirem invisibilidade
Saindo eu ilesa e
íntegra neste confronto virtual
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