Mente
A sala de cinema escura e
silenciosa
Transforma-se no refúgio
escolhido
Pela penumbra entre
cantos negros envolventes
Que me conduz para lá de
mim
Contemplando animações
hipnóticas
Captando sonoridades
labirínticas comoventes
Vibratória é a linha no
compasso dos passos
Que vão surgindo pela
porta de entrada
A escadaria murmura nas
minhas costas
O odor a pipocas
indica-me o ritual da fantasia
E o meu instinto de
sobrevivência
Sussurra-me para ficar
perto da saída
Enfrentando uma tênue
sensação de claustrofobia
Agora aguardo paisagens
da ilha misteriosa
Onde os espíritos brincam
com os humanos
Estou naquele paraíso
verdejante
Como se tivesse conseguido
um teletransporte
Que serve de cárcere e também
amante
Solitária ilha de quadros
viçosos vivificantes
Onde as falésias convidam
ao salto no vazio
Lendária e histórica brotando
fungos alucinogénios
Criando texturas de
encantamento alucinantes
Deixo-me embalar pela
tela gigante em movimento
Agora sou pássaro que
sobrevoa as escarpas
Desafiando o perigo das
marés em revolta
E por momentos viajo em
paz, dentro de um casulo aprazível
Sem destino ou apeadeiro,
sem ida nem volta
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