Fios de cobre

Pintura de: Ana Maria Oliveira A durabilidade do metal contrasta com a transitoriedade Das células biológicas e dos amores fictícios A resistência ao desgaste anuncia-me a coragem Conservando-me intangível no aprumo Sobrevivendo às neuropatias alheias A flexibilidade permite o enrolamento dos fios Como a minha respiração sopra as mágoas Em direções longínquas emudecendo os cânticos De braços e abraços gélidos onde a empatia se esfumou Perante a crueza dos arrombamentos de espaços cálidos Maleável no compasso do ritual dos planetas Os dedos enrolam o fio convidando-o a entrar noutras estruturas Mas o metal é rebelde e recusa a submissão Então transforma-se o fio de cobre em arlequim Forjando lâminas e bastões entrelaçando o caos Manobrável e engenhoso sujeita-se ao corte E ao desdobramento que conduz energias em ebulição Então dócil desmaia com a minha loucura Enroscando-se criativamente tal como a alma que me anima ...